domingo, 3 de abril de 2011

Devaneios: Imagens do tempo - Navio Altair

Silvio Franz, Cassino (Rio Grande/RS), 2011


Em tudo encontramos a ação do tempo, as nossa vidas são marcadas pela temporalidade. Vida e morte. Parece-me que a morte é a ausência da luz, é o desaparecimento da memória, do registro. A luz que penetra em nossos olhos e que constrói a nossa experiência de vida. É uma memória com temporalidade limitada, que pode morrer dentro de nós se não for compartilhada. A arte possibilita ampliar nosso olhar, tanto externamente como internamente. E a fotografia em particular tem essa relação com o tempo, com a luz da memória e a escuridão do esquecimento. Um clic, um milésimo de segundo, um registro, e temos a ressurreição de um tempo que “morto”, que era passado, e ganha uma sobrevida, uma possibilidade de multiplicações dos modos de olhar. Estas reflexões são frutos de uma visita que fiz aos restos do navio Altair na praia do Cassino.

Silvio Franz, Cassino (Rio Grande/RS), 2011



Silvio Franz, Cassino (Rio Grande/RS), 2011


Para aqueles que vivem tão próximos deste que se tornou uma espécie de monumento, talvez passe despercebida a sua efemeridade material. Ele tem o seu tempo, ele passara... Mas incrivelmente, através dos registros fotográficos, dos múltiplos olhares, e das histórias que cada sujeito é capaz de construir, este navio permanecerá vivo na temporalidade inventada pelo homem. O navio Altair, um graneleiro argentino encalhado nas areias da Praia do Cassino (Rio Grande, RS) desde junho de 1976, está literalmente desaparecendo sob a ação do tempo, mas ainda é um ponto de visitação e cenário para lindas fotos. Mas com o passar dos anos restarão somente as imagens aprisionadas no tempo do fotográfico.

Silvio Franz, Cassino (Rio Grande/RS), 2011






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